quarta-feira, 25 de agosto de 2010

cama, mesa e banho

Todo homem tem sua mulher da cama. Toda mulher já foi a de cama de algum homem. Mulher da cama aquela que o distinto cavaleiro só busca para o sexo, isso em seu íntimo, porque isso ele nunca revela, principalmente para ela, que o que o interessa é o prazer carnal. Deve ser assim, porque a maioria das mulheres não consegue dar umas sem se apegarem emocionalmente, levam para a cama o coração. Se bem que em minha vida de desbravador de mulheres conheci umas tantas que deixavam o coração em casa e como moravam de aluguel sempre acabavam esquecendo-o em alguma de suas mudanças.

Tive uma, uma tal que nem me lembro o nome, mas não esqueço do cheiro, dos gemidos e da quentura que guardava por debaixo das saias, das anáguas, entre as pernas, do suor descomunal que ela fazia brotar dos meus poros, do instinto animal que despertava em mim, até hoje não encontrei mulher alguma que se entregasse e fizesse com que eu me entregasse de tal forma; a sincronia sem necessidade de ensaios, o toque, os olhares, a doçura das suas carnes e dos seus líquidos inebriavam meus sentidos, se fechar os olhos, aliás sem precisar fechá-los, ainda hoje, posso sentir os cheiro dos seus cabelos, o peso do seu corpo sobre o meu, o tremor do seu interior...

Depois de toda essa ladainha poética, você vai me perguntar “como eu ainda posso pensar que essa mulher era só para sexo?”afinal de contas nós combinamos em tudo, até na respiração, te direi então que essa ladainha poética é o que leva as mulheres à cama, fale em sexo com elas e fugirão, mas não caia no abismo profundo e tenebroso de, repetidamente, lhes falar doçuras, aí elas levarão a relação à instância maior: o tal do amor. Enfim, o problema dessas relações está aí, após sentir eu tantas coisas com essa distinta senhora que realizava uma senhora foda comigo ao menos uma vez ao mês, decidi eu que não queria mais, sei lá qual o motivo. Não queria. Nesse instante chega-se o momento de dizer que ela já não mais faz parte da sua agenda, que aquele dia, digo noite, que vocês marcavam sempre já não mais deve existir, que você não vai dar explicação nenhuma e ponto final.

A tendência é ela vir atrás de você se lamentando aos prantos e você dirá que fora só sexo, mas só dirá isso se não quiser nem mais umazinha com ela, se quiser colocá-la em sua estante dirá que está confuso, que se meteu em uma fria e tem que resolver antes de voltarem às boas; daí então, ligará todas as vezes que não tiver ninguém mais interessante para comer. Mas a minha mulher de cama não fez isso. Quando a comuniquei do término da nossa relação, ela sorriu, tocou-me no rosto e informou que ia me falar o mesmo, mas não soubera como dizer, pois tinha medo da minha reação e diante da minha cara de bom moço, me deixou pasmo, quando, de pé na porta do motelzinho de quinta que frequentávamos me disse:

- Tinha mesmo que acabar, caso-me semana que vem.